Qual o seu tuíte favorito?
Diante do bloqueio do Twitter no Brasil, muitas pessoas começaram a resgatar seus tuítes favoritos. A gente aqui do Notícias do Espaço lembrou da vez em que a pesquisadora Stephane Ramos1 comentou sobre uma confusão envolvendo dois Miltons:
Teve quem embarcou na onda e deu asas à imaginação:
Calma, calma! Se você tá perdido no rolê, a gente te explica: Milton Cunha, além de comentarista de carnaval, é professor e pesquisador2. Maaas quem discorreu sobre as três faces da globalização foi Milton Santos, um dos mais importantes geógrafos do mundo3.
Fotos: Milton Cunha e Milton Santos (imagens de divulgação). Montagem feita pelo Notícias do Espaço.
Para o Santos, a globalização enquanto fábula é visualizada em uma porção de imagens fantasiosas sobre mundo, a exemplo daquela que vende a ideia de uma aldeia global onde todos desfrutariam das benesses trazidas pelos avanços tecnológicos4.
Em contraste a esse cenário idílico, a realidade nos toma de assalto quando a desigualdade é escancarada a partir de toda sorte de adversidades impostas, sobretudo, às populações mais pobres. Daí, então, se falar da globalização como perversidade.
No entanto, apesar de tal quadro desolador, o docente anuncia que as condições técnicas atuais reunem possibilidades para se construir uma outra globalização, mais humana e solidária5.
Para compreender de forma profunda as ideias acima resumidas, é altamente recomendada a leitura do livro “Por uma outra globalização6”. Além disso, vale a pena conferir os vídeos abaixo:
FILME | Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá, 2006
Globalização é imperialismo? Milton Santos responde no Roda Viva | 1997
A globalização como perversidade
Por falar em Milton Santos, globalização e Twitter, recomendamos os textos adiante:
Meta-narrativas: como big techs disputam a soberania de Estados
Big Techs fazem lobby contra o direito a consertar as coisas
Big techs, capitalismo selvagem e o ataque de Elon Musk à democracia
Google sustenta sites de extrema direita que promovem desinformação, revela estudo
Como Elon Musk fez do X uma plataforma para a extrema direita
A inteligência artificial tem sede – e está de olho no Brasil
Big Techs bancam estudo que minimiza impacto das telas em crianças
Nina da Hora: “As big techs já ultrapassaram os limites da influência delas"
57% dos brasileiros têm condições precárias de acesso à internet, revela pesquisa
Google pagou mais de meio milhão de reais em anúncios no Facebook contra PL das Fake News
Fake news sobre a tragédia e negacionismo climático no RS geram lucro no YouTube
Para finalizar este tópico, indicamos entrevista com “uma das principais referências brasileiras no combate a desinformação e em comunicação digital”. Essa credencial, por si só, já oferece motivo mais que suficiente para mencioná-la. No entanto, ao selecionar tal recomendação, lembramos dos laços entre a pesquisadora e um dos Miltons citados no início dessa edição… ; )
Mais confusões?
Para evitar qualquer outra dúvida com homônimos, esclarecemos que nessa publicação mencionamos duas Ninas. Uma delas é a cientista da computação, pesquisadora e hacker antirracista Nina da Hora. A outra, citada acima, é Nina Santos, pesquisadora que tem se debruçado na “disseminação de informação em plataformas digitais, nos novos mediadores informativos e nos impactos políticos das transformações do sistema de comunicação9”. No final da contas, além do esclarecimento, queríamos mesmo é divulgar o trabalho dessas duas grandes cientistas10.
Fotos: Nina da Hora e Nina Santos (imagens de divulgação). Montagem feita pelo Notícias do Espaço.
“A minha vida agora é um denso algoritmo”
Tirinha de André Dahmer (Divulgação)
Para conhecer mais sobre André Dhamer, o arista da tirinha acima, clique aqui. Aliás, ao clicar ali, você descobrirá que a frase anterior tem tudo a ver com o trabalho do autor.
Outra artista que tem relação direta com essa conversa é Paula Villar. Vale muito a pena conferir suas criações, como esta.
E, agora, para finalizar este tópico de recomendações artísticas, quatro canções:
Anjos Tronchos, de Caetano Veloso;
Pela Internet 2, de Gilberto Gil
Do álbum Mambo Só, de Zeca Baleiro, que é iniciado com este verso aqui, citamos a música Steve Jobs11;
Toxina, de Humberto Gessinger, de quem falamos na edição passada, que, aliás, você pode conferir no próximo tópico.
Anteriormente em Notícias do Espaço…
Um xará e uma charada
Continuando nos imbróglios envolvendo nomes, quem vós escreve já mandou, algumas vezes, frases como essa: “Sabe aquela música do Milton Santos?”.
Bem, você sacou qual era o Milton em questão. E é com uma música dele que vamos nos despedindo, mas antes, deixamos uma indagação: será que na letra de Nascimento é possível identificar as faces da globalização analisadas por Santos?
Muito obrigado por dedicar um pouco de seu tempo para acompanhar nosso projeto. A gente acha chiquérrimo contar com você! Até a próxima!
Créditos:
Pesquisa e desenvolvimento: Higor Mozart e Gabriel Arquette | Financiamento: Programa Institucional de Apoio à Extensão (PIAEX) do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (Edital 02/2024) | Coordenação: Higor Mozart
Para conhecer mais a respeito do trabalho de Stephane Ramos, clique aqui. Veja também: Mulheres Negras Decidem.
Carnavalesco, cenógrafo, psicólogo, professor e comentarista de carnaval.
Geógrafo, escritor, cientista, jornalista, advogado e professor. Ganhador do prêmio Vautrin Lud, o “Nobel da Geografia”, em 1994. Apelidado como “geógrafo do mundo e cidadão das quebradas. Caso queira, conheça mais sobre a vida e obra de Milton Santos aqui.
Em suas obras, o geógrafo irá versar sobre o desenvolvimento do meio-técnico-científico-informacional.
Em certa medida, na rede social Twitter - assim como em outras - há elementos, mais ou menos intensos, que guardam relação com cada uma das três faces descritas.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 p.
Falando em empresas de tecnologia, não podemos deixar de destacar que essa plataforma - substack - que utilizamos também está inserida em tal cenário da “globalização como perversidade”.
SANTOS, Nina. Nina Santos. Disponível em: <https://ninasantos.com.br>. Acesso em: 03.set.2024.
Se se interessar, leia também: Ciência e Tecnologia nas páginas dos quadrinhos