A população negra nas Notícias do Espaço
Ao longo das edições do Notícias do Espaço estão presentes várias discussões que evidenciam a importância do recorte étnico-racial nas reflexões sobre a formação socioespacial brasileira. Pensando nisso, para esse número de novembro, mês da consciência negra, rebobinamos materiais que sublinham, a um só tempo, as estruturas de uma sociedade racista e a necessidade de políticas públicas voltadas à alteração de tal quadro.
Aproveite e veja também a edição especial de novembro do projeto Saravá, referências pretas!
Censo
Começamos destacando que a pergunta sobre raça e cor no censo é central na luta contra a discriminação, conforme pontua o professor Luiz Augusto Campos. Nessa mesma linha, separamos materiais que enaltecem a relevância do tratamento racial na pesquisa censitária:
Há 150 anos, 1º censo nacional e único do império contou livres e escravizado
“Responda para ter respeito” – Carta Manifesto ao Censo 2022 - Coalizão Negra por Direitos
Você sabe o que é pardo? Termo já foi usado para definir indígenas e negros
'Pardo não': entenda importância do Censo em aldeias e quilombos
Nesse ano, pela primeira vez, a população que se considera quilombola está sendo identificada. Sobre o tema deixamos indicação das seguintes fontes:
Quilombo, território e geografia - Lourdes de Fátima Bezerra Carril
O espaço geográfico dos remanescentes de antigos quilombos no Brasil - Rafael Sanzio Araújo dos Anjos
O que os quilombolas podem nos ensinar sobre soberania alimentar?
Falando em população, é fundamental pontuar os 10 anos da Política de Cotas. Bora conferir o fio abaixo:
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Escrevemos as linhas acima enquanto ouvíamos o podcast Querino produzido por Tiago Rogero. Os episódios nos ajudam a refletir sobre as histórias e questões da população negra no Brasil.
O primeiro episódio “A grande aposta” trata dos “esqueletos no armário da Independência do Brasil”. Tema mais que recomendado diante do Bicentenário da Independência:
Segurança Alimentar
Na edição Ô Josué, eu nunca vi tamanha desgraça destacamos a pesquisa do IBGE que demonstrou que o mapa da fome no Brasil tem raça, gênero e classe.
Na matéria Fome, substantivo feminino é destacado que “numa realidade mal retratada pelas estatísticas, mulheres deixam de comer para alimentar os filhos pequenos enquanto driblam a violência dentro e fora de casa”. E muitas dessas mulheres, em situação de insegurança alimentar, são negras.
Lembramos de Carolina Maria de Jesus que abre seu Quarto de Despejo de maneira dilacerante:
“15 de julho de 1955 - Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos generos alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar”.
Se tiver oportunidade, leia essa e outras obras dessa escritora que vai muito além do Quarto de Despejo.
Já no site Olhe para a Fome é possível ver tópicos que demonstram o aumento da fome entre a população negra, entre as mulheres e o seu avanço tanto no campo como na cidade.
Lembramos também de um grande geógrafo brasileiro ao recomendar o episódio O que o Milton Santos diria do iFood? do podcast Prato Cheio.
Milton Santos: do Vautrin-Lud ao Google Doodle
Biografia - site oficial
“Ser negro no Brasil hoje”, publicado na Folha de São Paulo, em 7/5/2000.
Racismo ambiental
Na edição Uma teoria muuuuuuuito louca, só que não trouxemos dois links que ajudam a pensar questões relacionadas ao racismo ambiental:
Segregação Espacial
Aliado à classe, o aspecto racial é componente imprescindível para pensarmos a segregação nas cidades brasileiras, conforme destacam os textos a seguir:
Negros e pobres estão mais expostos a riscos ambientais em capitais, mostra estudo
O que o mapa racial do Brasil revela sobre a segregação no país
A verticalização do mercado imobiliário em São Paulo é branca
Análise histórica da desigualdade: marginalidade, segregação e exclusão
O projeto
também tratou do tema em duas edições. A primeira se chama Além das pedras do cais e a segunda Segregação racial no espaço urbano.No episódio do podcast Urban Studies, Reinaldo José de Oliveira, professor e pesquisador da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), também tece análises sobre o tema:
Reinaldo José de Oliveira, além de livros de sua autoria, organizou o dossiê “A Cidade, urbanização e relações étnicas raciais no Brasil, na África e na Diáspora”, publicado na Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as).
Qual o lugar das mulheres nas cidades? Trata-se de pergunta crucial para que reflitamos sobre a relação entre direito à cidade e mulheres negras, sobre a segregação da mulher periférica e sobre a transfobia como um instrumento de segregação social e urbana.
Futebol
Quando pensamos nas questões que envolvem o futebol, não podemos ignorar os preconceitos atrelados à população negra. Para refletir um pouco sobre tais elementos algumas indicações:
Colocamos aqui também escalação dos episódios da série “O Negro no Futebol” do podcast História Preta. Olha que timaço: 1) Futebol em preto e branco; 2) O mito do goleiro negro; 3) Camisas Negras; 4) A Voz do Preto; 5) Clarice
Outra dica são duas entrevistas com o técnico Roger Machado (aliás, quantos técnicos negros você conhece?). Uma você pode ler aqui e a outra está logo adiante:
Vasco da Gama, o clube que abriu as portas do futebol para os negros
O fardo de Barbosa: Silvio Almeida Analisa o papel do negro no futebol brasileiro
A barreira à ascensão dos dirigentes negros no alto escalão do futebol
Racismo no futebol: como a legislação esportiva aborda as questões raciais?
Homenagem feita pelo Bahia em 2018 em alusão ao mês da Consciência Negra
Materiais da newsletter Saravá
O Grupo de Pesquisa em Tecnologia, Educação e Cultura do IFRJ publicou o e-book “Quadrinhos por Direitos” que traz cinco histórias em quadrinhos na perspectiva da educação em direitos humanos. Uma delas se passa no Cais do Valongo e outra, intitulada “Fake History”, problematiza informações errôneas sobre a escravidão. Bora ler aqui.
Já aqui há mais sugestões de filmes e atividades para abordar a História e Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena em sala de aula.
E nesse outro link sugestões de biografias de personalidades negras e indígenas e atividades para abordar a História e Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena na sala de aula.
A lei 10.639 e o Ensino de Geografia: construindo uma agenda de pesquisa-ação
Geografia e relações raciais: desigualdades sócio-espaciais em preto e branco
Livros com download gratuito:
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Créditos:
Pesquisa, curadoria, desenvolvimento e redação: Maria Phernanda da Silva Soares e Higor Mozart G. Santos
Coordenação: Higor Mozart G. Santos
Financiamento: Programa Institucional de Apoio à Extensão (PIAEX) do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (Edital 01/2022) | Projeto “Além dos Pares: a Pesquisa na Sala de Aula”.
Imagem do Astronauta: Freepik
*As indicações de materiais não significam, necessariamente, endosso, mas sim sugestões que consideramos válidas para o debate. O conteúdo dos artigos, reportagens, vídeos, podcasts e demais mídias veiculadas é de inteira responsabilidade de seus autores e autoras.