No meio da medalha tinha um hexágono
Você deve ter observado que no meio de cada uma das medalhas dos Jogos Olímpicos de Paris tinha um hexágono, né?
Foto: Medalhas Olímpicas/Divulgação
E também deve ter ouvido algum(a) narrador(a) mencionar que esse hexágono foi formado a partir do ferro extraído da Torre Eiffel. Mas por qual motivo um hexágono? Por que não um quadrado, um triângulo? Ou, sei lá, um dodecágono?
Bom, quando correr os olhos na imagem abaixo você verá que o polígono de seis lados foi escolhido porque simboliza os contornos do território da França, país que, veja só, é apelidado de “l'hexagone”.
Foto: Le territoire continental de la France métropolitaine s'inscrit dans un hexagone/Wikipedia
Além do hexágono nas medalhas, muitas outras representações cartográficas estiveram presente em Paris, sejam aquelas utilizadas por quem desejava visitar pontos turísticos ou por quem queria se orientar para acompanhar as competições. Para esse último objetivo, esse “mapa” abaixo oferecia preciosa ajuda.
Foto: Paris-2024.
Ah, e repare só no hexágono ali no canto esquerdo. Repare também que abaixo do dele está presente o Taiti, Ilha na Polinésia Francesa que abrigou as provas de surfe. Essas terras “além hexágono”, controladas pela França, nos lembram do colonialismo, conforme discutimos em nossa edição anterior.
A representação acima não completa a Guiana Francesa, uma vez que lá não ocorreram provas olímpicas, mas já que falamos de colonialismo, vale destacar a existência desse departamento ultramarino da França na América do Sul e sua fronteira com o Brasil a partir do Amapá:
Fonte: Org. SILVA, G.V.
Caso queira ler mais informações sobre a Guiana Francesa, separamos este link para você.
Voltando ao clima esportivo, podemos dizer que, na real, representações do espaço estiveram do início ao fim dos Jogos Olímpicos. E quando falamos isso não estamos exagerando. Afinal, rolou um “mapa mundi” até na cerimônia de encerramento:
Foto: Reuters.
Mas e o Brasil nessa história? Bem, se a França exibiu as representações acima, nós não ficamos para trás. Contamos com um mapa bonitão registrado a partir de uma foto aérea que captou Caio Bomfim na liderança da marcha atlética.
Foto: David Ramos/Reuters. Imagem espelhada horizontalmente.
Ah, e que fique claro: são inverídicas as alegações de que combinamos com os atletas tal configuração só para gerar pauta para o Notícias do Espaço.
E se você tá achando pouco, tem mais! Rolou também uma representação do território brasileiro atualizada à medida em que novas conquistas se somavam ao quadro de medalhas. A versão derradeira foi essa:
Foto: Rolê Aleatório
Mais uma vez: também são falsas as afirmações de que tenhamos encomendado essa imagem. Pronto! Se depender da gente, não vão colocar esses “mapas” em polêmicas como fizeram com um outro aí do qual falaremos na próxima edição 👀. Maas, antes de chegar lá, deixamos indicado uma seleção de links que falam sobre…mapas.
O primeiro deles discute como mapas ajudam a moldar a nossa vida social e cultural.
Outro trata das surpresas dos mapas antigos.
Uma dica bem legal é conferir o site Oculi Mundi que disponibiliza, gratuitamente, uma diversidade de representações cartográficas.
Por que todos mapas estão errados? Para responder essa pergunta, no vídeo abaixo é realizado um experimento que demonstra a impossibilidade de representar a superfície de uma esfera em um plano sem que haja qualquer deformidade. As legendas em português estão disponíveis.
Veja também:
Alfabetização cartográfica ajuda a entender mapas e suas imperfeições
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Um cartógrafo rebelde? José Joaquim da Rocha e a cartografia de Minas Gerais
Um relato
Cena de 2022. Estava numa Unidade Básica de Saúde (UBS), em Muriaé (MG), num bairro chamado Barra, esperando minha vez para tomar mais uma dose de reforço da vacina contra a covid-19. Na parede, avisto a imagem abaixo:
Foto: Equipe Notícias do Espaço
Na legenda, à esquerda, identificações como: hipertensão, diabetes, crianças, acamados, gestantes, área de risco de dengue; além da divisão em cinco microáreas (Relato do Editor do Notícias do Espaço).
Com essa representação, que nos permite pensar no diálogo entre geografia, saúde, cartografia e políticas públicas, finalizamos nossa edição de hoje. Obrigado pela atenção e até a próxima!
Nosso número anterior:
Créditos:
Pesquisa e desenvolvimento: Higor Mozart e Gabriel Arquette | Financiamento: Programa Institucional de Apoio à Extensão (PIAEX) do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (Edital 02/2024) | Coordenação: Higor Mozart
Professor, Higor! Que trabalho legal e importante. Informações com muita qualidade e que conteúdo original. Parabéns, tô fã!
Professora Karina, muito obrigado pelo apoio! Ficamos muito felizes por você prestigiar o Notícias do Espaço. Valeu mesmo! = )
Higor